Os resultados positivos alcançados com o curso de formação “Leitura e Escrita na Educação Infantil (LEEI)”, do qual participaram 500 trabalhadores da rede municipal de educação e conveniadas, levaram Contagem a se tornar referência e modelo para o Ministério da Educação, que pretende estender a experiência para outros municípios brasileiros.
O projeto, do qual o curso faz parte, tem como objetivo a formação de professoras da Educação Infantil para que possam desenvolver, com qualidade, o trabalho de linguagem oral e escrita, com crianças de creches e pré-escolas. A iniciativa é da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e contou com a parceria da Prefeitura de Contagem.
O curso, com carga horária de 150 horas e desenvolvido ao longo de 20 meses no formato educação à distância (EAD), culminou em um seminário de encerramento, realizado na terça-feira (31/10), ao longo de todo o dia, no Espaço do Encontro, na sede da Prefeitura.
De acordo com a prefeita Marília Campos, presente no seminário, realizar uma formação como essa não é fácil, dá trabalho, elaboração constante, além de ser necessário muita dedicação. “Precisamos manter esse esforço conjunto de fazer uma educação infantil de qualidade para as crianças. Então, quero parabenizar nossos 500 cursistas e, também, a UFMG, por não ficar só lá dentro das salas da universidade, mas vir para fora. A universidade também ganha com esses cursos, porque se atualiza por meio do mundo real”, ressaltou.
O seminário também foi uma comprovação da importância do envolvimento entre as universidades públicas e a sociedade que, no caso, elevaram o município de Contagem como uma referência para todo o Brasil quanto às práticas inovadoras de leitura e escrita na educação infantil.
Presente ao evento de encerramento do curso, a coordenadora Geral da Educação Infantil, do Ministério da Educação (MEC), Rita Coelho, destacou a cidade de Contagem como pioneira, junto com Juiz de Fora/MG, na implantação do ‘Compromisso Nacional Criança Alfabetizada’, por meio do LEE. “No MEC, definimos que o Leitura e Escrita integram o ‘Criança Alfabetizada’ com um modelo de governança, por meio dos estados e, na região Sudeste, a parceria foi com a UFMG”, disse.
Rita Coelho explicou que o LEEI, como uma política nacional, quer discutir a concepção da alfabetização e o papel do poder público e das universidades, afirmando que foi possível aprender muito com a experiência de Contagem, com os erros e os desafios, mas, principalmente, para saber que o programa é viável. “Contagem mostrou que o LEEI dá certo. O sucesso do caso aqui traz uma responsabilidade: mostrar a todos os municípios do país a realidade do LEEI, que é uma questão estrutural na política de educação no Brasil”, completou Rita Coelho.
Wânia Márcia trabalha no Cemei Dona Alice Ferreira França, no Eldorado, e atua na educação infantil há pouco tempo. Para ela, o curso do LEEI foi uma boa oportunidade para se qualificar. “Podemos colocar em prática esse trabalho com as crianças, de forma mais sólida, com mais resultados efetivos. Eu me sinto muito honrada de estar aqui”, contou.
Ângela Aparecida Luz, do Cemei Vereador João Evangelista Fernandes, no Industrial, parabenizou a organização do curso. “Foi um divisor de águas para mim e para as meninas da instituição. A gente pode ver a diferença do nosso trabalho no dia a dia, como é importante a gente ter um olhar diferenciado para aquilo que a gente faz. O LEEI nos deu essa oportunidade: ver o nosso trabalho sendo significativo para os pequenos, e isso foi muito importante para a gente”, afirmou.
O objetivo da formação foi ampliar conhecimento, habilidades e saberes relacionados ao trabalho com linguagem oral, leitura e escrita junto a crianças de até 6 anos de idade e teve como público alvo dirigentes, professoras, agentes de educação infantil, auxiliares de bibliotecas e pedagogas que atuam na rede pública e conveniada do município, que juntas, atendem, aproximadamente, 15 mil crianças.
Reflexões e práticas
A secretária de Educação, Telma Fernanda Ribeiro, destacou o envolvimento das escolas em busca de melhorar a educação infantil de Contagem. “Essa educação infantil de qualidade, focada no educar, no brincar e no cuidar, é a nossa diretriz. Eu acompanhei durante as duas últimas semanas uma equipe imensa, num movimento maravilhoso de integração, de organização e de alegria. É isso que vai permanecer aqui, é isso que a educação infantil nos traz, com todos os desafios”.
A coordenadora do LEEI em Contagem e pedagoga do Centro Municipal de Educação Infantil (Cemei) Pés no Chão, na Sede, Rosalba Rita Lima, foi uma das responsáveis por viabilizar a parceria com a UFMG. Para Rosalba, que “milita e vive para que a educação infantil de Contagem seja reconhecida”, a cidade conclui uma etapa importante nesse sentido, sobretudo por ter sido realizada em conjunto. “Nós só fizemos isso juntas. Nós construímos a imagem que essa educação infantil tem, juntas”, celebrou.
Maristela Caldeira trabalha no Centro de Educação Infantil (CEI) Lago Azul, da rede conveniada, no Riacho, e destacou a importância da leitura na vida das crianças. “Acredito que a leitura é um hábito que você ensina. Quando a professora, mesmo que as crianças não tenham este costume em casa, incentiva, nós vamos ter bons leitores. O LEEI só reforçou a teoria que eu já tinha. Então, eu agradeço a oportunidade”, assegurou.
A coordenadora do LEEI da UFMG, Mônica Correia Baptista, celebrou o evento e o encerramento do curso. “Estar aqui, hoje, não é mais um dia da minha vida, é uma realização de dez anos de muita luta. Em 2013, nós começamos a pensar nesse curso e, sem Contagem, ele seria só um pensamento”, afirmou.
Exposição, no hall de entrada da Prefeitura, dos trabalhos realizados nas unidades de ensino dentro da formação do LEEI. Fotos: João Pedro Alcântara/PMC
Para a realização da formação do LEEI, a secretaria de Educação de Contagem fez a impressão dos cadernos que orientaram os cursistas e que servirão como apoio para as futuras ações das escolas, uma vez que todo o material foi disponibilizado para compor o acervo das bibliotecas de todas as unidades que atendem a educação infantil.
A superintendente de Educação Infantil, da Secretaria de Educação, Mayara Luna, reforçou o diálogo do curso com os princípios da educação infantil, que são o trabalho indissociável da brincadeira e do cuidado.
“A gente tem os princípios éticos, estéticos e políticos que permeiam a nossa prática pedagógica. A gente tem os eixos que as diretrizes nacionais curriculares trazem para a gente, que é a interação e as brincadeiras com as crianças. Então, todos esses eixos, esses princípios, permeiam toda a formação do LEEI e dialogam diretamente com a concepção do município de Contagem e com a atual gestão”, pontuou.
Maria Xavier, do Cemei do Darcy Ribeiro, em Vargem das Flores, destacou a grande participação da escola na formação. “Eu acho que fez toda a diferença a quantidade de funcionários efetivos da instituição fazendo o curso. O LEEI veio fortalecer a nossa prática e direcionar os caminhos que começamos a trilhar”.
No seminário de conclusão do curso também houve espaço para apresentações de trabalhos de percurso dos cursistas, com as especificidades de cada escola. Trata-se do trabalho de revisão da prática e do impacto efetivo do curso nas ações pedagógicas. Foram analisadas as atividades com as crianças, com a literatura e, então, foram propostas novas ações a partir de tudo que a foi discutido e pensado para a educação infantil de Contagem.
Ivanete Oliveira trabalha no CEI Pequeno Príncipe, no Industrial, e apontou o impacto do LEEI na unidade. “A bagagem de conhecimento que o LEEI trouxe para mim e para toda a equipe do CEI, o compartilhamento de conhecimento. O LEEI foi e é importante nas nossas vidas, na nossa carreira, e para todos que acreditam numa educação de qualidade”.
Fausto Gomes era minoria entre os presentes. Também do Cemei Dona Alice Ferreira França, era um dos poucos homens, dentre um universo dominado pela presença feminina, e destacou a parceria entre o acadêmico e a prática. “Eu acho que o LEEI é uma forma interessante da gente conduzir essa ligação da faculdade, da pesquisa, com o trabalho que é feito no município, na educação. Essa ligação é um ótimo caminho para seguirmos como política pública”, defendeu.
Para fechar o evento, o professor Levindo Diniz realizou uma palestra, abordando o tema ‘Infâncias, educação e cidadania’. Também ocorreram apresentações da Guarda Congo Mirim da Comunidade dos Arturos e do coral das crianças do Educarte Estação do Saber.
Apresentações culturais também fizeram parte da programação do seminário de conclusão do curso. Fotos: Janine Moraes/PMC e Ricardo Lima/PMC
Os participantes também puderam conferir uma exposição, instalada no hall de entrada da Prefeitura, com a mostra dos trabalhos realizados nas unidades de ensino dentro da formação do LEEI. Ocorreu, ainda, o lançamento do e-book ‘Leitura e Escrita na Educação Infantil de Contagem: diálogos entre família e escola”. (clique para fazer o download)
Estiveram presentes no evento: o vice-prefeito Ricardo Faria; o coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Infâncias e Educação Infantil (NEPEI/UFMG), Sandro Vinícius Sales; a vice-diretora da Faculdade de Educação (UFMG), Vanessa Ferraz; e a diretora de Divulgação Científica da ProEx (Pró Reitoria de Extensão da UFMG), Débora D’Avila Reis.
CLIQUE AQUI e acesse a galeria de fotos do Encerramento do Curso de Leitura e Escrita na Educação Infantil. Fotógrafa: Janine Moraes/PMC
CLIQUE AQUI e acesse a galeria de fotos do Seminário de Leitura e Escrita na Educação Infantil. Fotógrafo: Ricardo Lima/PMC
CLIQUE AQUI e acesse a Mostra de Trabalhos LEEI Contagem 2023. Fotógrafo: João Pedro Alcântara/PMC
